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Em 2014 foi realizada uma ampla discussão com as mulheres da Terra Indígena do Xingu para fortalecer sua organização, a Associação Yamurikumã das Mulheres Xinguanas. Os encontros ocorreram no baixo, médio e alto Xingu nas aldeias Sobradinho (etnia kawaiwete) , Kwarujá (etnia kawaiwete), CTL Pavuru com o apoio da Aldeia Arayo (etnia ikpeng) e Aldeia Yawalapíti (etnia yawalapíti).

Cerca de 350 mulheres se reuniram para discutir os problemas que elas e suas comunidades estão vivendo e pensaram estratégias para enfrentá-los juntas.

 

Por que as mulheres xinguanas se organizaram?

As mulheres xinguanas se uniram para ter mais voz e participação nas decisões sobre temas importantes que afetam suas vidas, como o projeto de turismo nas aldeias, a construção de hidroelétricas, estradas e outros projetos que têm impacto sobre o meio ambiente, a cultura e a saúde dos povos do Xingu.  Também abordaram problemas ligados ao convívio com as cidades do entorno, como a alimentação com os produtos da cidade, a saúde, o lixo não orgânico, a prostituição, o alcoolismo, a violência e o uso indevido da imagem das mulheres.

As xinguanas buscam ter mais acesso à informação, ao apoio financeiro e assessoria técnica para realizar projetos que atendam seus interesses.

O Instituto Catitu e a Associação Yamurikumã querem, por meio desse projeto, fortalecer a união das mulheres xinguanas das aldeias com as que vivem nas cidades, para que possam defender suas ideias e seus direitos dentro e fora da Terra Indígena.

 

As rodas

Para que as mulheres de todas as regiões pudessem participar, percorremos o rio Xingu do norte ao sul da Terra Indígena durante 30 dias em muitas viagens de barco levando importantes lideranças femininas, a diretoria da Associação e as coordenadoras locais. Além das xinguanas, a coordenadora da Associação dos Professores Indígenas do Acre (OPIAC), Francisca Arara, trouxe sua larga experiência no movimento indígena que enriqueceu o debate. Uma equipe do Instituto Catitu ajudou na organização e na dinâmica das conversas.

As rodas também deram às mulheres que vivem em aldeias distantes umas das outras a oportunidade de se conhecerem melhor e praticarem o moitará, sistema de trocas de objetos que todas apreciam muito e que traz muita alegria!

Quatro realizadoras xinguanas formadas pelo Instituto Catitu cuidaram do registro audiovisual.

Em 2015 mais uma roda acontecerá em mais uma aldeia xinguana. No final, faremos a edição de um vídeo sobre as rodas de conversa com tradução em ao menos cinco línguas faladas no Xingu.

 

Resultados

Ao final das rodas de conversa queremos chegar a uma resposta para essas perguntas:

  1. Quais estratégias devemos usar para aumentar a participação das mulheres xinguanas dentro e fora da Terra Indígena?
  2. Como  fortalecer a  Associação Yamurikumã para que ela ajude na organização das mulheres?
  3. Para quais projetos a Associação Yamurikumã deve dar prioridade?
  4. Quais os principais objetivos para os próximos anos?
  5. Quando será o próximo passo?

 

Como surgiu a ideia das rodas de conversa

A Associação Yamurikumã realizou o II Encontro das Mulheres Xinguanas em outubro de 2013 em Canarana, no Mato Grosso, com o objetivo de reunir e fortalecer as lideranças femininas da Terra Indígena do Xingu. O encontro recebeu 250 mulheres de 16 etnias e contou com o apoio de várias instituições, entre elas o Instituto Catitu, a Associação Terra Indígena Xingu (ATIX), o Projeto Xingu/UNIFESP, a FUNAI, o Instituto Socioambiental e a Rainforest do Japão. Neste encontro de três dias foram discutidos vários temas de interesse das mulheres, entre eles o papel da Associação Yamurikumã e como ela pode ajudar as mulheres xinguanas a terem mais força política. As lideranças presentes recomendaram que as conversas sobre a Associação deviam continuar a ser feitas nas aldeias para esclarecer dúvidas, envolver mais mulheres e aprofundar a discussão. Dessa orientação das lideranças surgiu a ideia do projeto Rodas de Conversa das Mulheres Xinguanas.

 

Parceiros do projeto

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